Eu passei tanto tempo imersa, afundando cada vez mais porque repetia para mim mesma que não sabia nadar. Eu tentava me debater, mas só ficava mais cansada e o fundo me puxava mais e mais. E a água era tão salgada, que se abrisse meus olhos, eles arderiam como fogo. Meus seis minutos sem ar acabariam. Se tornariam um de morte se eu não enfrentasse. Então, de olhos fechados, tateei a minha volta, em busca de algo que pudesse me agarrar. Eu estava no alto dos meus dois minutos e não achei nada. Então abri os olhos e vi uma corda, a corda que era mantida ali para me ajudar mesmo eu já tendo quase afundado tantos barcos, só um movimento eu a agarraria. 'Não!' eu gritei dentro da minha cabeça. Com aquela corda eu não me salvaria, porque sabia que quando chegasse lá em cima, eu precisaria me machucar para entrar no barco, e provavelmente alguém se machucaria tentando me ajudar. Eu sairia dali de outra forma. Eu lembrei de como as pessoas nadavam, mas não consegui imitar, não saía do lugar.
domingo, 27 de julho de 2014
Sobre as última horas
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Constantes Variáveis
Sabe quando vários novelos de lã se enroscam e fica tão difícil de separá-los que você acaba cortando os fios?
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sexta-feira, 26 de abril de 2013
Minha alma tem tarja preta também
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quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Grama molhada
Eu me lembro de uma vez
Postado por LMS às 15:23 1 comentários
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Eu vi no fundo dos teus olhos a poesia que faltou na ponta dos meus dedos.
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domingo, 14 de agosto de 2011
Susto
Postado por LMS às 15:47 2 comentários
domingo, 8 de maio de 2011
E se tudo ficar bem pra sempre?
A viagem havia terminado, enfim ele chegaria em casa e deitaria na sua cama.
Fazia três meses que morava com sua namorada, e os dias que passou morando com ela antes de viajar, foram dias maravilhosos. Acordava de manhã e a via ao seu lado, com os cabelos espalhados no travesseiro, se arrumava olhando para o corpo nu e completamente relaxado na cama e saía para trabalhar silenciosamente, com os olhos sorrindo. À noite, quando voltava cansado depois de 8 horas de trabalho, entrava em casa e alguma música extremamente boa de alguma banda extremamente desconhecida estava tocando baixinho, vindo de todos os lados tal como a luz, aconchegante e suave que flertava com o escuro pelos cantos da casa, e o cheiro de alguma comida diferente que ela inventava na cozinha.
Quando ela ouvia a porta abrir, corria para os braços dele, e o abraçava forte e lhe dava um beijo adolescente ria no ouvido dele. Depois ela corria para a cozinha gritando que algo estava queimando.
Ele só conseguia sorrir.
Depois, se sentavam na mesa para jantar e riam entre as taças cheirosas de vinho. Ele dizia que a comida estava boa e ela o olhava com as maçãs do rosto rosadas pelo vinho e os olhos desejosos.
Subiam as escadas abraçados e se deitavam na cama. Ali ficavam, sentindo todas as coisas conhecidas que de tão boas, todos os dias pareciam novas. Dormiam abraçados, sentindo o cheiro um do outro.
A rotina o completava. Os sete dias que ficou viajando, lhe mostraram uma saudade de casa como nunca havia sentido. Mas um pensamento se agitava na cabeça dele: e se não for sempre assim? E se um dia a rotina se tornasse cheia de brigas e ressentimentos? E se ela mudasse? E se ele mudasse?
A preocupação de perder a melhor coisa que já havia experimentado se confundia com os sorrisos que o escapavam ao lembrar das piadas tolas que ela contava no jantar e que o faziam rir sem parar.
Ele chegou em casa, abriu a porta e colocou a mala no chão, uma musica tocava, cheia de violão, e um homem cantava coisas felizes com a voz baixa e rouca.
O sol entrava pela janela, dourado, se pondo. Ele a viu no outro lado da sala, sentada na mesa, de costas para a porta, escrevendo em uma folha de papel. Ela não o ouvira chegar. A frente da mesa que ela escrevia, se erguia uma parede cheia de fotos e desenhos.
Ela sussurrava alguns versos da musica quando parava de escrever e ficava olhando a folha. O sol batia no seu cabelo e projetava a sombra do lápis escrevendo no chão. O cachorro dormia ao lado dela, tranquilamente, com o corpo no sol e cabeça na sombra. Em cima do fogo, tinha um torta de maçã.
A cena era tão bonita que ele sentou ao lado da porta e ficou olhando para ela, de costas e inconsciente da presença dele. A música trazia uma atmosfera perfeita para a casa e combinava com os dois.
E se ela mudasse?
Enquanto ele pensava na vida bonita que estava sendo construída ali, naquela casa pequena, ela parou de escrever e ficou olhando as fotos na parede. Bem na frente dela, tinha uma foto dele. Ela ficou olhando e estendeu a mão pra afagar o papel, na face dele.
E ele só conseguia sorrir.
Postado por LMS às 19:45 2 comentários